2008 será marcado pelo lançamento do concurso da Televisão Digital Terrestre (TDT), acontecimento que promete alterar estruturalmente o sector da comunicação social nos próximos anos, por duas razões principais.

Em primeiro lugar, porque parece já garantido que o concurso acarretará a autorização pelo Governo de pelo menos um novo canal gratuito, estando em dúvida apenas se será em alta definição e quem o irá gerir. A entrada deste novo canal televisivo no mercado publicitário irá inevitavelmente provocar uma maior pressão sobre as receitas dos segmentos da imprensa e das rádios, ambos já ameaçados pelo aumento gradual da Internet.

Em segundo lugar, porque também parece garantido que o concurso promoverá que um operador de telecomunicações se constitua como segundo operador relevante do sector da televisão paga, em desafio à TV Cabo. Este novo operador de distribuição de televisão poderá, caso siga o exemplo da TV Cabo, comercializar ele próprio o espaço publicitário dos seus canais, aumentando a pressão sobre as receitas publicitárias dos canais televisivos existentes.

Adicionalmente à TDT e à instabilidade do mercado publicitário dela decorrente, o ano de 2008 promete trazer-nos a confirmação da Internet como instrumento de comunicação social em Portugal. Vemos com preocupação que, dos quatro operadores com maiores audiências, dois sejam estrangeiros e os outros dois sejam operadores de telecomunicações – e nenhum deles seja associado da Confederação.

Este quadro difícil, marcado pelas ameaças do digital, irão inevitavelmente moldar a organização e a actuação da Confederação em 2008. Faço votos de que possamos começar 2009 com a certeza de termos assumido em definitivo a chegada da era digital.

Artigo de opinião do Presidente da Direcção da CPMCS, Pedro Morais Leitão, Meios&Publicidade, 21 de Dezembro de 2007.